a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

29/09/2017

Impressão offset

Acabo de constatar satisfeita o efeito benéfico da última atualização do quê, do software, posso dizer software, do meu telefone esperto. Foi parece-me que ontem. É que o dispositivo chega-me hoje a esta hora da noite com cinquenta e nove por cento de bateria em vez de quase morto, como andava acontecendo antes da benéfica atualização. Há dias em que gostava de saber mais dos mistérios eletrónicos e nanoeletrónicos, para esclarecer. Se este blogue não merece conversa melhor do que assim tipo esta? Ah pois merece.

Quem escreve em diários como eu faço, eu quer dizer, eu é em semanários, que esta frequência bloguística de diário tem pouco, sabe que de vez em quando está um tema muito periclitante para sair na escrita, um tema que até pode doer um bocado ao sair, que venha arrancado de células mais internas e ainda pode fazer sangrar tudo pelo caminho, quente e a queimar, quem escreve sabe, dizia eu, que se pode optar por avançar com o que vou chamar de tampão, para estancar um tampão é o ideal, como aquilo ali do parágrafo anterior.

De maneira que antes que o caldo se entorne passamos já para o segundo tampão, mais encorpado e resistente: eu tenho uma dúvida. Alguns cartazes desses de rua relativos à campanha eleitoral trazem duas ou mais fotografias de duas ou mais pessoas, respetivamente, podendo ler-se aqui opcionalmente candidatos em lugar de pessoas. Mas notamos, enquanto bocejamos ligeiramente parados nos semáforos observando uma dessas impressões offset, que as múltiplas fotografias num mesmo cartaz foram objeto duma montagem posterior, não notamos? Ora a minha dúvida expõe-se como segue: se estes candidatos duma ideia comum, juntos numa cor só, e num cartaz só (para reforçar), não puderam fazer equipa no momento da fotografia para o referido cartaz da campanha, vão poder fazer equipa em momentos posteriores, mais complexos, mais exigentes, mais tipo não sei quê?

10 comentários:

  1. há realmente cartazes deprimentes... penso sempre que alguém andou entretido com o paint mas depois concluo que os cartazes estão ao nível da exigência que a sociedade tem para com os seus governantes, ou seja uma brincadeira.
    não será hora de dizer basta?
    de exigir a honra nas palavras e acções?

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    1. Os cartazes não passam mensagem quase nenhuma. Não sei para que servem, na verdade. São vazios.


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  2. Bem, a Susana Reparou o mesmo que eu nos cartazes dos candidatos às autarquias. Por acaso pensei que eu é que sou antiga e ainda penso em fotos de grupo. Provavelmente hoje não há tempo para isso. E depois, cada um quer ficar melhor que o outro e vá de rapar dos ouros pessoais, quiçá selfies sem defeito. Não sou de reparos, mas de tal forma me invadem a caixa de correio com fotos deste e daquele, dos apoiantes e mais dos filiados, das assembleias e outros organismos, que antes de deitar tudo no lixo dei uma olhada. E é de rir. É que há menina com pose de concurso a casting de novela, ou miss qualquer coisa. A quem nos entregamos!...
    Vou acreditar que é mal meu. Será melhor.
    (espero que não sangre muito que a sangueira dá mau aspecto e chama moscas:).)

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    1. Por acaso ainda ontem vi um cartaz com uma grande foto de grupo... nem tudo é corrido a fotomontagem.
      Isto parece que não tem importância nenhuma, afinal "o que interessa na verdade foto do cartaz? não vai mudar nada, pois não?".
      Eu acho que muda uma coisa fundamental: nós, os eleitores, vermos que os políticos levam a sua candidatura a sério, que até para uma coisa tão simples fazem questão de serem fotografados juntos, porque os seus eleitores merecem ver no cartaz uma foto autêntica e os candidatos querem mostrar-lhes que trabalham juntos de facto, em equipa.

      Mas a sociedade está muito mais permeável à aparência exterior, daí a "produção" de que fala, há quem ache que angaria votos se fizer pose... e talvez tenha razão.

      Nas últimas autárquicas, o partido que ganhou as eleições na minha freguesia tinha folhetos - desses que vêm aterrar nas caixas do correio e que eu também leio, todos - com erros ortográficos. Eu fico horrorizada com esta falta de cuidado, de empenho, de dedicação.

      Enfim. Olhe, somos as duas antigas, então :-)

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  3. Confesso que já tinha reparado como fica mal...mas não tinha feito a analogia com o trabalho de equipa, bem visto Susana! Tudo cada vez mais provinciano nestas autárquicas, com os cartazes sempre a piorar...
    ~CC~

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    1. Os cartazes são um dos veículos de comunicação com o eleitorado e por isso deviam ter mais conteúdo nas imagens que veiculam... Eu acho que estes cartazes são sempre iguais (e vazios) desde há décadas.

      Um beijinho, CC. :-)

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  4. vinha aqui deixar uma palavrinha mas tendo em conta que hoje é dia para reflectirmos em silêncio fico caladinha.

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    1. E como hoje já se pode falar, venho desejar-te um bom dia de eleições, Tétisq. :-)
      E uma boa semana também.

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  5. Bom dia, Susana,
    Como estou atrasada na leitura, espero que a resposta não seja de todo despropositada. Acresce ao que ficou dito, o problema de levarmos, agora, meses, ou quiçá, anos a livrarmo-nos de tais malefícios para os olhos, pois não sei se haverá obrigatoriedade de retirar os cartazes da rua. Se não há, faça-se já um referendo para ver quem apoia a ideia de obrigar quem cola, a descolar de novo. Não devíamos estar sujeitos a tanta poluição visual. Dá uma azia...
    Bom feriado. Menos mal.
    Beijinhos,
    Mia

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    1. Minha querida Mia, nunca estás atrasada, este blogue não tem horários fixos, é muito bom, por isso é que eu o escolhi. :-)

      E levantas uma boa questão, daquelas que me soltam a língua (os dedos, neste caso). Lembro-me que quando se fez aqui em Lisboa a grande EXPO 98, ouvi uma das pessoas ligadas da organização, dizer que tinha havido um fenómeno muito engraçado nesse mega evento: havia planeamento para a montagem, detalhado, foi quase bem cumprido, mas ninguém se tinha lembrado de planear a desmontagem.
      Parece que este é um mal recorrente cá entre nós: montamos a festa mas esquecemo-nos que ela não se desmonta sozinha.
      Daí agora os cartazes ficarem por aí pendurados e colados até que caiam ou sejam levados pela chuva, de exaustão. Poluição visual, de facto.
      Um bom feriado para ti também, Mia.
      E beijinhos de volta.

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