a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

07/10/2016

Unidos. Estados Unidos da América.

Vejo pela televisão que num lugar chamado Flórida, em princípio pertencente a um país denominado Estados Unidos da América, Unidos, está a passar um furacão devastador que vai espalhando destruição em massa e já começou a matar pessoas.

A uma distância de alguns minutos oiço no mesmo meio de comunicação social um dos candidatos à presidência do país acima referido, Unidos, pedir aos eleitores que, se estiverem às portas da morte, se lhes tiver sido diagnosticada uma doença terminal, deu até detalhes o candidato como se tivesse graça, se tiverem acabado de chegar do médico com um prognóstico de duas semanas de vida, por favor aguentem-se até ao dia das eleições e vão votar, Unidos, para obviamente votarem naquele candidato. Admiro-me então que não tenha pedido às pessoas da Flórida que se protejam do furacão para não morrerem e poderem também esses ir votar nele, mas talvez o candidato não saiba o que é a Flórida. Ou mesmo o que é um furacão.

E depois: (esta parte pode impressionar os mais sensíveis, como eu) a seguir à declaração do anormal, ouviram-se risos na sala, risos! 

Unidos. Estados Unidos da América.

Mas não há ninguém que lhe enfie um murro naquela tromba nojenta?

20 comentários:

  1. Nem imaginas, Susana, o que me apavora a escolha desses tais Estados Unidos para próximo presidente. Acho que estamos num daqueles pontos cruciais da história mundial, que estamos em plena época de transição, naquelas épocas de radicalidade entre correntes e que voltou a intensificar-se o racismo e a xenofobia, um tumulto, tudo o que o mundo estava a precisar agora, não lhe faltava mesmo mais nada, era de ter um, não vou dizer desequilibrado ou ainda tinha de chegar à conclusão que metade do mundo está desequilibrado, vou optar por chamar-lhe um excitado, prefiro assim, tudo o que o mundo precisava agora, realmente, era de ter um excitado na casa branca.

    Beijinhos, Susana.

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    1. A mim também apavora. Não é que ele vá ganhar (acho que não vai), mas é ver tanta gente a apoiar um imbecil daqueles. Acho que é muito mais que desequilibrado, é uma aberração e deve andar a gozar com toda a gente. Burros.

      Beijinhos, Cláudia.

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    2. Ao principio pensava que, essa hipótese, ele ganhar, seria completamente impossível, nem me preocupei, foi precisamente esse número que foi crescendo de apoiantes que começou a assustar-me, agora também continuo com esperança de que não ganhe, mas estou muito mais longe daquela sensação de certeza inicial.

      Boa noite e bom fim de semana, Susana.

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    3. Também fico atónita com o crescimento da massa de apoiantes de um imbecil daqueles, mas ainda assim acho que não vai ganhar.

      Um bom fim de semana para ti também, Cláudia.

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  2. O mesmo Donald que hoje veio acusar o governo de Obama de estar a deixar entrar imigrantes para votarem massivamente contra ele. Como se, naturalmente, entrar num país como os EUA e votar logo a seguir numas eleições, sem passar por um processo de naturalização fosse sequer remotamente possível... (Mas o pior, cara Susana, é o que se está a passar em Inglaterra -- nos EUA, Trump não ganhou as eleições; em Inglaterra, a Sra. May também não ganhou, nem sequer foi a votos, mas chegou ao poder; a xenofobia atual é, no mínimo, assombrosa).

    Uma boa noite para si. :-)

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    1. Trump não ganhou nem vai ganhar (acho e espero), mas mostrou ao mundo que há muita gente a apoiá-lo, e isso parece-me de facto assustador.
      Quanto à xenofobia vigente, talvez seja fruto da utopia idílica de - há uns anos, décadas, - nos termos todos batido pela globalização, pela livre circulação de pessoas e bens entre os estados sem acautelar que haveria diferenças culturais abissais que iam fazer faíscas e pegar fogo. Pegou. Nós - no geral - ainda estamos impreparados para aceitar a diferença sem disso fazer um campo de batalha. E agora? andar com o mecanismo para trás? reeducar as pessoas?

      Uma boa noite para si também, amigo xilre. :-)

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  3. Susana, não sei que candidato disse isto, assim como nada sei do contexto para além do que aqui contaste e que, de modo semelhante, vi noutro escrito. Mas tal não faz diferença para o que pretendo expressar.

    Que isto nos faça pensar e sobretudo refrear certas atitudes que vulgarmente são tomadas como inócuas e que se centram no despeito pelos outros.

    Remates como "com o mal dos outros estou eu bem", deleite em evidenciar supostos defeitos e azares sucedidos... associados à ânsia de poder podem resultar nisto.

    Uma vez mostraram admiração pelo facto de não me rir quando uma pessoa tinha escorregado e caído na minha frente, o que veio embrulhado no argumento "que toda a gente se ri". E eu lá expliquei que não sendo uma situação agradável, obviamente que não me suscita vontade de rir, como não me agrada que o façam quando é ao contrário.
    Não serão "coisitas" assim em que se cresce em tamanho que, avolumadas, ajudam a fazer cama para essas atitudes?

    Um "murro naquela tromba" não seria solução. E os que se riram na sala?

    Outra questão: fazer humor negro à custa da doença, morte, catástrofes, é tomado com naturalidade? Ou só incomoda quando toca a nossa realidade?
    Também há interesses por detrás disso...
    Talvez as situações não estejam tão distantes...

    Beijo e bom fim-de-semana

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    1. "Um murro naquela tromba nojenta" não seria solução para os males do mundo, apenas me aliviaria a mim um bocadinho, um pequeno bocadinho.
      Isto é de facto um assunto sério, não dá nenhuma vontade de rir. Até dá vontade é de chorar. Especialmente por haver gente a rir-se na sala. Otários. Carneirada.

      Sim, "a borboleta pode causar um tufão", coisinhas como o desrespeito pelos outros quando "toda a gente se ri se alguém cai ao chão" pode talvez fabricar um mal maior no futuro. Também nunca entendi esse tipo de "graças".

      Beijo e bom fim de semana, Isabel.

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  4. Homónima, ele não vai ganhar. Ou então, eu sou muito ingénua.

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  5. Bom, é no mínimo assustador. Se ele por alguma eventualidade ganhar, batemos no fundo...

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    1. Não vai ganhar. Não desta vez. Mas de facto há lá muita gente burra a apoiá-lo, há.

      Um beijinho, GM.

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  6. Pelos vistos o que há é muito trombudo nojento por aquelas bandas.

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    1. Isso. Ou muito burrinho. Muita gente burrinha por aquelas bandas.

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  7. revoltaste-te, Susana :)
    eu não vejo noticiários...o que me poupo...ainda me faz ter esperança de que o bem prevaleça.
    (eu era menina para dar um murro naquela tromba nojenta)

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    1. acho que com este palhaço ignorante ando revoltada desde o início, ana...
      (então parece que eramos duas)

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  8. diria que não estou muito espantada com a popularidade do Trump, ou não estivesse do outro lado a Hillary. Trump é o candidato "não-político", diferente, que comete erros crassos e (também) por isso se aproxima de muitos dos americanos. Hillary simboliza o poder instituto, podre, de que todos andam(os) fartos.

    ainda assim, espero que o centro se mantenha, lá como aqui. os extremos preocupam-me.

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    1. A Hillary pode não ser a candidata ideal, eventualmente não passar de promessa de mais do mesmo, admito, mas mesmo assim será muito menos pior que o narcisista inchado dele próprio já está a prometer, na sua imensa ignorância, no seu focar único no próprio umbigo. Disgusting.

      e agora: como se foi entornar assim o caldo com a pacata Vendredi? eu até venho interceder por ela e sugerir-te que a promovas a Samedi, para a pobre descansar um pouco... (e depois deixar lá o trabalho duro na hospedaria :-))
      descansar ela, hein? ELA, não tu, querida flor, não tu.

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  9. bela "trump" nos há de sair na rifa , se aqueles, lá nos "Unidos" não souberem cheirar o fedor que dali (Trump) vem.
    beijnho e boa semana, Susana.

    Nota: O murro, até me dava nojo tocar naquela criatura. mas anda a pedi-las, anda, anda.

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    1. Olá Mia :-)

      A mim já me parece que ele não vai chegar ao fim, há felizmente muita gente que o apoiava a virar-lhe as costas.

      Beijinho e boa semana também para ti, Mia.

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